Desenvolvimento Econômico | 02/12/2013

Agricultores participam de ‘Dia de Campo’ na Abadia

Foto: Divulgação

Na última quarta-feira foi realizada na propriedade dos viticultores Luiz e Celso Borriero, no Bairro da Abadia, uma tarde de campo organizada pela Divisão de Agricultura da Prefeitura de Louveira em parceria com o Centro de Frutas do IAC e a Casa da Agricultura de Louveira (CATI). Na oportunidade, os presentes puderam ver o resultado do experimento implantado em 2008 com objetivo de avaliar qual o porta-enxerto para uva que mais resistiria numa área contaminada com a Pérola da Terra. Os participantes se surpreenderam com o fato de que os cinco porta-enxertos (IAC-766, IAC-572, Tropical, IAC 571-6 e VR04343) em estudo na área estão com uma produção de uvas comercialmente viável e de excelente qualidade.

De acordo com o pesquisador do Centro de Frutas do IAC José Luiz Hernandes, esse fato vem confirmar a teoria defendida há muito tempo pelo chefe da Casa da Agricultura de Louveira Luiz Alarcon, de que a uva consegue conviver e produzir em áreas contaminadas com a pérola da terra desde que se entenda a necessidade de pequenas adaptações em relação ao manejo convencional que são: realização de um excelente preparo do solo (pousio, correção e adubação), utilização de material sadio de copas e porta-enxertos; realização da enxertia aérea ou utilização de mudas enxertadas (isso impede a contaminação de fungos de solo que, aliados à perola, fazem com que a planta decline rapidamente); aplicação de inseticida pra redução da população da pérola sobre o sistema radicular no início do desenvolvimento das plantas (na área foi aplicado duas vezes o produto Actara: no plantio e no segundo ano); e, principalmente, o capricho do produtor nos tratos culturais de condução, pulverizações, desbrotas, podas, adubações, entre outros.

 Hernandes também apresentou dados estatísticos de seis safras colhidas na área (três normais e três de segunda poda), destacando o porta-enxerto IAC-766 como mais produtivo e com melhor qualidade de frutos. O VR04343 trazido de Santa Catarina até agora não teve um bom desempenho, mas vem melhorando ano a ano “Esse porta-enxerto pode ser um corredor daquele tipo fundista enquanto o 766 seria um velocista, mas isso só saberemos com mais alguns anos de pesquisa”, disse.

Outro ponto lembrado foi que o sistema de condução em Y adotado nesse experimento proporcionou às plantas maior espaço, maior vigor e maior sistema radicular e isso também deve ter contribuído para que a perola da terra não tivesse prejudicado o vinhedo como ocorre nos tradicionais cultivos em espaldeira.

            Para o diretor de Agricultura Daniel Miqueletto os resultados são uma vitória de um grupo de pessoas que vem lutando pra manter a viticultura cada vez mais viva no município de Louveira e na região “Esse é um problema em nível nacional e muitos produtores da Abadia deixaram de cultivar a uva por causa da Pérola da Terra. Agora sabemos que podemos conviver com o problema com pequenas adequações de manejo. Vejam que temos aqui hoje, além dos produtores da região, um ônibus de São Roque, um grupo de Piracicaba, pessoas do Norte de Minas Gerais, enfim, quero dizer que Louveira se tornou uma referência em nível nacional quando se debate a questão da Pérola da Terra em áreas vitícolas. Não podemos deixar de destacar a importância dos pesquisadores do IAC e do IB, do apoio do município e da Casa da Agricultura mas, principalmente, do Sr. Luiz Borriero, que acreditou no projeto e se dedicou muito para que chegássemos nessas conclusões”, ressaltou Miqueletto.