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Saúde | 29/10/2013

Profissão é rara no País, mas Louveira já conta com médico especialista em saúde do idoso

Foto: Jasso / PML

Terezinha Penha tem 77 anos e sofre de pressão alta e diabete. Desde quando começou a se consultar com o geriatra da Rede Municipal de Saúde de Louveira, Ricardo Soares, há dois anos, ela diz que sente melhora na atenção e no tratamento (“com muito carinho”) aos idosos. O geriatra desempenha um papel importante no tratamento de doenças agudas e crônicas da velhice – como Alzheimer, incontinências urinárias, entre outras. Pelas ‘suas mãos’, já passaram mais da metade dos idosos da cidade durante os 1.500 atendimentos anuais.

Conhecido pelo nome, Ricardo é o único especialista em idosos no quadro de médicos da Saúde de Louveira.  Porém, o que parece ser um dado negativo, torna-se um privilégio quando comparado com o resto do Brasil. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), há apenas 1.400 geriatras formados em todo o país, sendo um a cada 17 mil idosos. Já em Louveira a proporção é de um a cada 2.847 - ou seja, a população total desta faixa etária. “Muitos médicos antigos atendem a geriatria porque envelhecem junto com os pacientes. Mas especialistas, mesmo, são raros”, diz Ricardo. 

A escassez de médicos do idoso é reforçada pela falta de residências na área e também de interesse nas poucas vagas existentes em cursos de especialização, segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Existem em todo o País apenas 22 programas credenciados no Sistema da Comissão Nacional de Médicos Residentes (CNRM) do Ministério da Educação (MEC) que juntos oferecem 66 vagas – mas nem todas são preenchidas. “No meu estado, o Pará, apenas cinco vagas foram preenchidas nos últimos quatro anos na única residência de geriatria no Estado”, conta o presidente da SBGG, Nezilour Lobato Rodrigues.

Segundo especialistas, o baixo número de geriatras especializados em atividade resulta na valorização financeira da profissão. No entanto, não foi esta posição privilegiada no mercado de trabalho que motivou Ricardo, o geriatra de Louveira, a se tornar médico do idoso.  “Gosto de diversas áreas na medicina e vi na geriatria uma oportunidade de trabalhar com estas áreas, só que focando no idoso, que é uma população que cresce cada vez mais”, conta.

Cresce, e cresce em compasso acelerado. Dados do PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio) divulgados no dia 27 de setembro pelo IBGE reforçam essa tese. A pesquisa revela que a proporção de pessoas que já passaram dos 60 anos foi de 12,1% em 2011, para os 12,6% de hoje, ou 24,85 milhões de indivíduos.

Com este aumento, a profissão de geriatra se torna cada vez mais necessária. Mas, no caso de Louveira, Ricardo tranquiliza: “Temos condições de ter medicamentos e estrutura, e já temos um geriatra... Diria que Louveira é um bom lugar para se envelhecer”.