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Gestão Ambiental | 11/06/2015

Leonardo Boff elogia lei municipal de mananciais e fala sobre sustentabilidade

Palestra

Palestra lotou plenário da Câmara e marcou o encerramento das programações da Semana do Meio Ambiente de Louveira

Escritor, teólogo e engajado na causa ecológica, Leonardo Boff esteve em Louveira na noite de quarta-feira (4 de junho) para ministrar uma palestra sobre sustentabilidade. Durante o encontro, que contou com público de aproximadamente 300 pessoas no plenário da Câmara, Boff elogiou as ações da atual Administração Municipal voltadas à preservação e recuperação dos mananciais e das áreas verdes do município.

O principal alvo dos elogios foi a Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais e Pagamento por Serviços Ambientais, citada por Boff em três oportunidades durante as cerca de duas horas de palestra. “Gostei do projeto de vocês (da Prefeitura) de recuperar os mananciais, de reflorestar as áreas verdes. Essa é a saída, se não arborizarmos não iremos preservar a água, que é a nossa vida”, disse o pensador, que elogiou também o projeto de criar o Parque Linear do Capivari. “(Prefeito) Junior, prepare-se para receber vários prefeitos de outras cidades do mundo afora, pois o que vocês estão fazendo aqui com essa legislação moderna e o parque linear do Capivari são exemplos de política ambiental”.

A proposta mencionada por Boff e encabeçada pela Secretaria Municipal de Gestão Ambiental prevê, entre outras medidas, a criação do Programa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), cujo objetivo principal é proporcionar incentivos técnicos e financeiros – com remuneração de R$ 1 mil por hectare- aos proprietários de terras que preservarem os recursos hídricos, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Reservas Legais. O projeto será debatido com a população em Audiência Pública marcada para esta quinta-feira (11 de junho), às 19h, também na Câmara.

Além da criação do PSA, a proposta de lei é composta por outros dois eixos: a criação de áreas de mananciais e a demarcação das áreas de barramento para armazenamentos de água e sua captação. De acordo com o secretário Municipal de Gestão Ambiental, Cláudio Scalli, a legislação é moderna, inovadora e contribui na preparação do município para atender uma população de 80 mil habitantes com recursos hídricos. “Temos como premissa criar uma legislação eficiente, que atenda por completo o processo de produção, conservação e armazenamento de água de Louveira”, complementa Scalli.

A Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais e Pagamento por Serviços Ambientais integra um pacote de propostas vinculadas à área de meio ambiente composto por outras seis leis, que já foram sancionadas pelo prefeito Junior Finamore. Entre elas, estão a implantação do IPTU Verde, que prevê descontos de até 45% no IPTU para proprietários de construções com estruturas ambientalmente sustentáveis, e a criação do Plano Municipal de Gestão dos Resíduos Sólidos, cujas diretrizes nortearão o gerenciamento destes resíduos durante os próximos 20 anos.   

 

Mais sobre a Palestra

Autor de mais de 60 livros, Leonardo Boff é teólogo, escritor, professor universitário e expoente da Teologia da Libertação. Suas obras abordam também as as áreas de filosofia, antropologia, mística, ecologia e espiritualidade.  

Conhecido pela sua história de lutas sociais, Boff assinou em 2000, na Unesco, em Paris, um documento denominado Carta da Terra, declaração de princípios éticos fundamentais para a construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.

Em Louveira, o pensador abordou este importante documento e endossou o coro dos que afirmam que o homem e o meio ambiente são indissociáveis. “O homem faz parte do meio ambiente. Não há diferença entre a Terra e a humanidade. Elas formam uma só unidade. A terra como um todo se comporta como um ser-vivo”, afirma.

Confira outras frases do pensado, mencionadas durante a palestra:

Terra em desequilíbrio: “A Terra é um superorganismo vivo que se autorregula. Mas hoje não consegue se autorregular, encontrar o equilíbrio, por vivemos uma época de muitos desastres naturais”.

Mudança de postura: “É necessário adaptarmos ao sistema Terra, à nossa situação. É preciso mudar o sistema de produção, não contaminarmos solo nem a água, pensarmos em outra forma de civilização que não explore demasiadamente a Terra, que não polua, para que todos possam conviver”.

‘Desenvolvimento insustentável’: “Esse tipo de desenvolvimento que nós temos é insustentável, é linear, visa à acumulação de bens as custas da natureza. A Terra precisa de um ano e meio para recuperar o que retiramos dela em um, e a intensa atividade industrial está provocando por ano a morte de 100 mil seres vivos”(...)”O desenvolvimento sustentável não pode servir somente ao homem. Há uma interpelação entre a terra e o homem”.

Consciência Planetária: “O tempo das nações passou. Agora é o tempo da Terra, da globalização, onde o humano habita uma casa comum. (É tempo de) Consciência planetária”. 

Pacto: “Vivemos uma fase que a humanidade deve decidir o seu futuro: ou fazemos um pacto de um cuidar do outro, e cuidarmos da Terra, ou veremos o fim da humanidade. Dizer isso é um imperativo ético que serve para agirmos e não chegarmos atrasados, quando não houver mais tempo (de salvar o planeta)”.

Água: “A água é um bem natural, vital e insubstituível. O acesso a água é um direito fundamental dos seres humanos. Todo mundo tem direito à água, mas hoje água virou commoditie”.

Emoção e Ecossistema: “É preciso resgatar a inteligência cordial, sentimental, do coração, do sentimento. Hoje só se fala de Qi e se despreza o sentimento. Se analisarmos, o ser humano é sentimental, esquecemos que somos mamíferos racionais, não animais racionais”.