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Cultura & Eventos | 18/09/2014

Centenária Estação Férrea passa por restauro para virar centro cultural

estação

Quase cem anos depois de sua construção, o prédio da Estação Ferroviária de Louveira passa por um processo de restauração que promete resgatar a ‘aparência’ dos tempos em que recebia viajantes de todas as regiões do País.

Com a obra, a Prefeitura da cidade pretende remontar a textura e as cores originais do prédio inaugurado em 1915, além de reformar as estruturas deterioradas para transformar o principal cartão postal da cidade em um espaço cultural, turístico e de convício social.

Segundo o prefeito Junior Finamore, “as intervenções serão feitas com muito critério para não descaracterizar o imóvel”, que é patrimônio histórico tombado pelo Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo). “Antigamente a estação era um espaço de encontro entre amigos e casais. Muitos namoros e amizades começaram ali, no principal ponto de referência da cidade”, conta o prefeito. “No final do restauro, a Estação terá a mesma beleza de antes e vai proporcionar aos moradores antigos rememorar as boas lembranças de décadas atrás”. 

Espaço Cultural

Segundo osecretário Municipal de Cultura, Edilson Caldeira, a ‘Gare’ louveirense vai proporcionar um “excelente” espaço cultural para realização de exposições e eventos. “A ideia é adquirir placas negras com iluminação, iguais àquelas utilizadas em exposições na Avenida Paulista, para poder aproveitar não só o espaço interno, como também todo o exterior da Estação durante os eventos”, diz Edilson.

A obra

Cerca de 20 operários trabalham na implantação das novas placas de concreto pré-moldado no estacionamento e, ao mesmo tempo, na restauração e limpeza da cobertura do prédio principal.  Os componentes em madeira comprometidos do telhado também serão substituídos. 

Os funcionários também já começaram as intervenções na passagem subterrânea – que liga os dois lados das linhas férreas. O ‘corredor’ recebe nesta semana um novo reboque, para depois ser pintado, limpo, além de receber novo piso. Posteriormente, o acesso será fechado com vidro laminado de segurança.

O contrato prevê ainda a recuperação de toda a estrutura metálica, atualmente atingida por oxidação, principalmente nos ‘pés’ dos pilares. .

O sistema de captação de águas pluviais - as calhas -, por sua vez, também em estado de oxidação, será totalmente substituído por tubulação em chapa galvanizada com pintura.

Já os pisos passarão por limpeza e aplicação de resina de proteção e os forros serão lixados e pintados.

No depósito, onde os forros estão danificados, será preciso substituir a madeira por material em cedrinho e com as mesmas dimensões.

Já os sanitários terão equipamentos modernos, mas sem perder seu valor histórico. Nesta parte, serão acopladas cabines PNE para proporcionar sanitários separados para os dois gêneros.

Azulejos: fundamentais para a estética

De acordo com o engenheiro da Prefeitura Ricardo Pissulin, a recomposição dos azulejos é crucial para resgatar a estética original do prédio. “O revestimento de azulejos se torna um dos protagonistas na leitura da obra e assume um valor gramatical na composição arquitetônica da estação”, diz.

Com o passar dos anos, os azulejos foram soltando da estrutura e deixando lacunas, que hoje estão preenchidas com argamassa. Os funcionários da obra, no entanto, terão que retirar a argamassa e remover cuidadosamente as peças soltas, para em seguida reintegrá-las, juntas, em lacunas menores. 

Já as lacunas que ficarão vazias serão preenchidas por azulejos novos, produzidos com o mesmo design do antigo. “As novas peças deverão estar agrupadas, procurando manter padrões regulares, de forma a minimizar o efeito dálmata, uma vez que por mais próximas que estejam das originais, as peças novas não terão o desgaste do tempo das antigas”, explica o engenheiro. 

Histórico

A construção da estação de Louveira surgiu a partir da cobrança dos cafeicultores paulistas que vislumbravam expandir sua capacidade logística pelo interior de São Paulo. Foi então que, em 1872, as linhas férreas da São Paulo Railway, que antes chegavam apenas até Jundiaí, foram ampliadas até Campinas, interligando as principais metrópoles.

No meio do caminho havia a pequena cidade de Louveira, que foi contemplada com a estação ferroviária no dia 11 de agosto daquele ano. No início, a gare louveirense recebeu o nome de Capivari, mas passou a receber o nome da cidade na mesma década.

Os tempos áureos da ‘Estação Louveira’, no entanto, foram os anos 1890, quando este importante entreposto logístico se tornou baldeação entre duas importantes linhas de trem: a São Paulo-Campinas e a Estrada Férrea Itatibense.

Com o acréscimo da linha de Itatiba, a circulação de pessoas aumentou consideravelmente, o que obrigou Louveira a adequar o prédio à nova quantidade de transeuntes. Com isso, o pequeno prédio da estação foi demolido para dar lugar a um novo espaço, mais amplo e estruturado.

Já a derrocada da Estação começou em 1953, quando a estrada de ferro itatibense foi desligada. Desativada para passageiros no final dos anos 70, a estação se encontra em estado razoável de conservação e passa por uma importante obra de restauro.